quinta-feira, 14 de maio de 2015

A minha primeira peregrinação


Se tivesse que resumir esta experiência em apenas uma palavra, a mais adequada sem duvida seria                " enriquecedora " mas mais palavras podem ajudar a descrever o que vi, o que percorri e o que passei tais como , solidariedade, entreajuda, companheirismo e muito espírito de sacrifício.
Milhares de pessoas com um objectivo em comum, era impossível alguém se sentir sozinho e desamparado.
Todas as pessoas por quem passei cumprimentavam, saudavam, tinham sempre pronta uma palavra de apoio e de incentivo sem falar nos vários acampamentos da cruz vermelha e vários grupos de apoio ao peregrino com águas, sumo, fruta e sempre preocupados em se inteirarem do estado dos peregrinos. Por mim é uma experiência que quero repetir, mas tenho que arranjar novos companheiros porque os desta viagem ( minha mãe e meu irmão) já disseram que não voltam a repetir :-) .

1º Dia (9 de Maio)

Partida á hora marcada, 7 da manhã em Belas.
Ainda nem 1 quilometro tínhamos percorrido e encontramos 2 pessoas que também iniciavam a sua viagem. O caminho por eles escolhido era diferente por isso a companhia foi curta, mas foi bom ver logo no inicio alguém que tal como nós iniciava também a sua caminhada.
O dia aqueceu depressa e os quilómetros foram ficando para trás, Loures foi ficando cada vez mais perto e um bocado depois começámos a ver Alverca cada vez mais perto e com ela a pausa para Almoçar. A pausa não foi nada benéfica, muito pelo contrário, foi difícil voltar a entrar no ritmo, o calor também não ajudava mas lá conseguimos seguir o nosso caminho até Vila Franca de Xira onde demos por encerrado o primeiro dia.
Algures entre Loures e Alverca
Portagens de Alverca
Chegada de Vila Franca de Xira


Resumo do dia
Mapa do percurso do 1º dia
 2º Dia (10 de Maio)

Acordámos cedo, ainda tínhamos uma pequena viagem até ao ponto de partida deste 2º dia e achámos por bem começar mais cedo pois previa-se que o calor fosse maior do que no 1º dia.
O inicio custou muito, as pernas acusavam os 40 quilómetros do dia anterior, e foram precisos uns valentes metros para as dores começarem a acalmar. A partir de Vila Franca de Xira o número de peregrinos foi aumentando cada vez mais, em relação ao percurso, sentia-me em casa, principalmente a partir do Carregado, ou não percorresse ( de carro) estes caminhos todos os dias para ir trabalhar nos últimos 7 anos. Ao chegar a Azambuja fizemos uma pequena pausa para um café e ir ao WC, continuámos já com um calor intenso até que chegámos ao Cartaxo e demos por concluído o 2º dia desta aventura.
Estação de Comboios da Azambuja
Chegada ao Cartaxo
Resumo do 2º dia
Mapa do percurso do 2º dia

 3º Dia (11 de Maio)

Foi possivelmente o dia mais complicado, o dia anterior tinha ficado um pouco aquém do esperado em termos de quilómetros e para ajudar a festa o cansaço era maior assim como o calor e tivemos que acordar mais cedo pois o local de partida ficava cada vez mais longe de casa e devido ao calor forte convinha começar o mais cedo possível. Começámos por atravessar o Cartaxo em direcção a Santarém o que não foi nada fácil, principalmente atravessar Santarém o que obrigou a algumas voltas uma vez mais debaixo de um calor intenso como é normal para aquela zona. Com dificuldade atravessámos Santarém em direcção a Pernes onde iríamos dar por terminado o 3º dia. A juntar ao cansaço acumulado o 3º dia fica marcado por muita subida e muito, muito calor.
A chegar a Santarém
Chegada a Pernes
Resumo do 3º dia
Mapa do percurso do 3º dia



 4º Dia (12 de Maio)

Inicialmente tínhamos pensado em começar este dia apenas da parte da tarde uma vez que iríamos ficar para assistir à procissão das velas, mas mais uma vez devido ao calor que se fazia sentir achámos melhor começar logo cedo e fazer uma pausa pela hora de almoço onde a intensidade do calor também seria maior.
Se neste dia o cansaço era já mesmo muito, levávamos mais de 100 quilómetros percorridos, o facto de sabermos que neste dia iríamos chegar ao nosso destino dava-nos ânimo e força para o que ainda faltava percorrer.
O dia começou com muita subida e assim se manteve durante grande parte dos primeiros 20 quilómetros. A chegar a uma localidade chamada Minde havia uns atalhos por terra batida e percursos tipo trail que não foram nada fáceis de ultrapassar, principalmente para a minha mãe, que obrigaram a duas paragens curtas para descansar e recuperar o fôlego. Atravessada a localidade de Minde, o meu pai, o nosso carro de assistência esperava-nos a uma bela sombra com uma refeição que soube muito bem. Descansámos um bocado e cerca de 1 hora depois começámos a percorrer os 12 quilómetros finais, quanto mais perto de Fátima maior o numero de peregrinos como irão poder ver numa das fotos a seguir.
Finalmente chegámos ao destino, o cansaço passou a segundo plano, a alegria por termos conseguido era muito maior. Há muito tempo que não ia a Fátima, o ambiente é único e o ar que se respira lá é reconfortante, respira-se fé...

Dezenas de peregrinos rumo a Fátima
Bermas preenchidas...
Não se vê bem, mas a coluna de peregrinos continua para lá da curva...eram mesmo muitos
Já no santuário, acabadinhos de chegar. O dedo da senhora que tirou a foto também ficou na fotografia :-)
Imagem do Santuário ainda com pouca gente
As minhas 4 velas a arder
Procissão das velas, imagem linda, Santuário iluminado
Resumo do 4º dia
Mapa do percurso do 4º dia


 Resumindo, foi uma experiência enriquecedora e gratificante que como já disse espero repetir, em 2017 vem cá o Papa Francisco e parece-me uma excelente data.
Gostei muito, pelo que percorri, pela oportunidade de ver com os meus próprios olhos que temos um País muito bonito e por ter presenciado tanta solidariedade, entreajuda e principalmente tanta fé.













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