Quando comecei a correr, em Março de 2014, se me dissessem que em 2015 ia
correr uma Maratona possivelmente diria que não, se me dissessem que ia correr
duas Maratonas então aí diria com toda a certeza que não, muito menos com um
espaço tão curto entre elas.
Mas vamos por partes, eu para este ano planeei fazer a Maratona de Lisboa,
ir ao Porto foi algo que surgiu ainda antes da Maratona de Lisboa e por
infelicidade (lesão) de um amigo meu que o impediu de treinar e estar presente.
Mesmo sabendo que iria estar no Porto, o meu objectivo principal continuou
a ser Lisboa, foi esse o objectivo que tinha traçado no inicio deste ano e não
o alterei apesar de alguns treinos menos conseguidos. Só comecei a pensar no
Porto uma semana depois da Maratona de Lisboa e de uma forma muito superficial,
fui vendo o percurso, tomando conhecimento das alterações em relação ao ano
passado, fui me informando onde o autocarro nos iria deixar etc…
Á semelhança de Lisboa, o tempo passou depressa e o dia cada vez estava
mais próximo, não disse praticamente a ninguém que ia ao Porto, sabia apenas a
minha mulher, a minha mãe e 3 amigos, preferi assim para evitar “sermões”
antecipados!!
Chegado o dia o meu irmão que também estava no Porto nesse fim de semana
foi me levar ao local de partida, fui logo para a fila do wc :-) e depois fui calmamente
andando para o separador das 4 horas, se não me engano, até porque não estava
minimamente preocupado com o tempo da prova. O meu plano era simples, ia apenas
com o objectivo de conhecer o Porto de uma forma diferente, tentar conhecer o máximo
que fosse possível, se não estivesse bem podia sempre seguir para a meta aos
15Km juntamente com os participantes da FamilyRace.
Dada a partida e lá ia eu no que iria ser a minha segunda Maratona, não
conhecia muito do Porto por isso para mim cada metro era novidade e ver as ruas
cheias de gente a apoiar a puxar pelos atletas foi algo muito bonito de ver,
tanto que ás vezes até me esquecia que ia a correr :-) Os quilómetros iam
passando e as ruas sempre cheias de gente, uma moldura humana fantástica.
Depressa chegaram os 15Km e com eles a altura de decidir o que ia fazer,
confesso que aos 15 ia cansado como se fossem uns 25, o calor não ajudava, mas
na verdade não me sentia ainda tão mal ao ponto de ficar por ali e não sendo
vergonha nenhuma se ali ficasse a verdade é que a palavra que me passava pela
cabeça era “desistir” e não era isso que queria e assim sendo continuei, mas
activando um plano de “sobrevivência”.
Em Lisboa tive dor de burro sensivelmente aos 22Km, e não quis voltar a
sofrer do mesmo, então decidi que nos abastecimentos parava, bebia água,
powerade (se houvesse) tomava o gel, resumindo, tudo o que tinha direito,
andava uns metros para descansar um pouco e seguiria até ao próximo
abastecimento, em 5km andava uns 500 metros e corria o restante até ao próximo
abastecimento.
Ao chegar aos 20 quilómetros senti-me bem por ter tomado a decisão de
continuar, estava a correr com uma vista linda, acompanhado pelo rio e nem
mesmo o calor cada vez mais forte me fazia pensar que tinha tomado a decisão
errada, o apoio também não parava o que foi uma enorme ajuda. Perto dos 21Km
passou por mim o líder da prova, destacadíssimo, e a partir daqui o pensamento
era, metade já foi e lá continuei em direcção á Ponte D. Luis, a pequena subida
de acesso á ponte quase me matou J mas valeu o esforço,
gostei muito de correr em cima da ponte o pior foi quando cheguei ao lado de
Gaia, aquela calçada fez mossa e não foi pouco, comecei a ver gente pelos
passeios e fiz o mesmo. O lado do rio mudou, mas a vista não, estava mesmo a
gostar de correr ao lado do rio, chegado o ponto de retorno, vou novamente em direcção
á ponte, uma vantagem de ter dorsal personalizado (um dos muitos pontos de
melhoria para Lisboa) foi que pelo menos 3 vezes ouvi pessoas que não conhecia
de lado nenhum a gritar o meu nome, o que é sempre bom mais ainda numa fase já
avançada e de cada vez maior cansaço.
Fui seguindo com o meu plano nos abastecimentos, ao contrário de Lisboa,
piquei o ponto em todos e fartei me de beber powerade. Não sei se foi por estar
num sitio diferente, se foi por já ter feito uma Maratona antes desta, apesar
de há pouco tempo, mas acho que até cerca dos 37Km me custou menos o Porto do
que Lisboa, é certo que em Lisboa ia também mais “pressionado”, aqui parei mais
vezes e não havia zonas sem publico o que também contribuiu para isso. Os últimos
quilómetros é que já custaram e muito, da cintura para baixo já me doía tudo,
mas já tinha chegado até ali não ia desistir tão perto do final, já só pensava
na meta, na camisola de finisher :-) e ter a Aurora Cunha a
puxar por nós no final é outro nível :-)
Grande vista... |
Atleta corajoso! :)
ResponderEliminarUma vez mais, muitos parabéns. Pelo feito e pela loucura :)
Um abraço bi-maratonista!
:-) obrigado João. Agora chega de loucuras nos próximos tempos.
EliminarAbraço
Boa Tiago, muitos parabéns pelas duas Maratonas. A forma como encaras-te esta foi a mais correcta. Muito bom.
ResponderEliminarAbraço
Obrigado Carlos, o importante foi terminar.
EliminarAbraço